Sem aviso prévio, Gilberto Gil manda papo reto em singledisponível nas plataformas digitais a partir de hoje, 20 de julho de 2018. Primeira (excelente) amostra do álbum de canções inéditas que o cantor, compositor e músico baiano vai lançar em agosto, a canção Ok Ok Ok versa sobre a cobrança implacável dos que pedem a Gil opiniões sobre a "vil situação".
É com base no toque extraordinário do próprio violão que o cantor dá resposta serena, mas contundente, ao "coro irado" dos que o "ferem com ódio e terror", como diz na letra. O papo reto é mandado no tom zen que caracteriza a personalidade do artista que, com o tempo, passou a ser espécie de Buda Nagô – epíteto que ele próprio, Gil, cunhou em Dorival Caymmi (1914 – 2008) em música de 1992 composta em tributo ao compositor conterrâneo.
Ok Ok Ok é canção que soa como mantra, mas tem um sopro de estranheza, um ruído intencional, quase distorcido, posto na gravação para sublinhar o verso "alguns querem que eu saia no grito". Tal efeito estranho deve ser obra de Bem Gil, produtor do álbum em que Gil apresenta músicas inéditas compostas a partir de 2016.
Giro (Gilberto Gil e Jorge Bastos Moreno), Na real (Gilberto Gil), Ouço(Gilberto Gil), Sereno (Gilberto Gil e Bem Gil), Sol de Maria da Dinda(Gilberto Gil) e Yamandu (Gilberto Gil) são algumas músicas previstas no repertório desse álbum de título ainda não divulgado.
O álbum é o primeiro de repertório inédito gravado por Gil desde Fé na festa (2010), disco lançado há oito anos.
Eis a letra de Ok Ok Ok , música gravada com os toques de Domenico Lancellotti (MPC e bateria), Bruno Di Lullo (baixo) e Bem Gil (guitarra, piano elétrico e flauta), além do violão do próprio Gil:
Ok Ok OK
(Gilberto Gil)
Ok, ok, ok, ok, ok, ok
Já sei que querem a minha opinião
Um papo reto sobre o que eu pensei
Como interpreto a tal, a vil situação
Penúria, fúria, clamor, desencanto
Substantivos duros de roer
Enquanto os ratos roem o poder
Os corações da multidão aos prantos
Alguns sugerem que eu saia no grito
Outros que eu me quede quieto e mudo
E eis que alguém me pede “encarne o mito”
“Seja nosso herói”, “resolva tudo”
Dos tantos que me preferem calado
Poucos deles falam em meu favor
A maior parte adere ao coro irado
Dos que me ferem com ódio e terror
Já para os que me querem mais ativo
Mais solidário com o sofrer do pobre
Espero que minha alma seja nobre
O suficiente enquanto eu estiver vivo
Ok, ok, ok, ok, ok, ok
Ainda querem a minha opinião
Um papo reto sobre o que eu pensei
Como interpreto a tal, a vil situação
Que o nobre, nobre mesmo, amava os seus
Prezava mais o zelo e a compaixão
Tratava seu vassalo com afeição
A mesma que pelo cão e o cavalo
Então não falo, músico e poeta,
Me calo sobre as certezas e os fins
Meu papo reto sai sobre patins
A deslizar sobre os alvos e as metas
Ok, ok, ok, ok, ok, ok
Sei que não dei nenhuma opinião
É que eu pensei, pensei, pensei, pensei
Palavras dizem sim, os fatos dizem não
FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2018/07/20/gilberto-gil-manda-papo-reto-no-primeiro-single-de-disco-de-ineditas-para-coro-irado-dos-que-o-ferem.ghtml
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